Um restaurante em Buenos Aires inspirado em livro de Jorge Luis Borges.
Eu devia ter uns 15 anos quando ouvi falar pela primeira vez sobre Jorge Luis Borges. A professora de espanhol do colégio tinha mania de escrever citações famosas na lousa, trechos de música ou livro. Naquele dia ela escreveu o trecho da poesia “Despedida”, presente no livro “Fervor de Buenos Aires”. “Entre mi amor y yo han de levantarse trescientas noches como trescientas paredes y el mar será una magia entre nosotros”.
Eu enfiei na cabeça que queria ler o bendito livro inteiro. Depois de algum tempo, meu pai encontrou um exemplar, escrito em espanhol, todo surrado pelo tempo, em um brechó perto de casa. Trouxe-me com a dedicatória: “Tica, Titica, uno libro para mi chica”. Fazer o quê? Ele manda muuuuito no espanhol.
O problema é que não sei onde raios este livro foi parar. A triste verdade é que devo ter perdido quando saí de casa ou devo ter emprestado para alguém que não me devolveu. A sina dos livros.
Este foi o primeiro livro de poesia escrito por Jorge Luis Borges. Foi publicado em 1923 numa tiragem de apenas 300 exemplares feita pelo próprio escritor.
Quando fui a Buenos Aires pela primeira vez, entrei em todas as livrarias que vi a procura da obra. Mas tudo o que consegui encontrar foi a coletânea completa do escritor – que seria um sonho lindo se não custasse quase R$ 500. Na segunda vez que fui até a cidade, a mesma coisa. Nada de encontrar o livro. Mas aí tive a ideia de compensar e fui conhecer um restaurante pra lá de bacana e inspirado, justamente, no poema “Fervor de Buenos Aires“.
Calle Posadas, 1519 – Recoleta.
Você se lembra da lista de dez restaurantes frequentados por dez escritores que eu já publiquei por aqui? Na lista falo sobre o restaurante Café Tortoni, frequentado e adorado por Jorge Luis Borges. Desta vez, vou falar sobre um restaurante que foi inspirado num livro do escritor.
O restaurante fica no bairro da Recoleta e foi inaugurado em 2008. Logo na entrada há um quadro com uma foto de Jorge Luis Borges. O cardápio se inicia com um trecho do poema:
A especialidade da casa é brasa e este é considerado o melhor restaurante para se comer carnes na cidade. De fato, o melhor chorizo que eu comi em Buenos Aires foi o do Fervor. Uma coisa interessante sobre suas carnes é que elas são maturadas à seco e depois penduradas num ambiente com temperatura a dois graus durante 15 dias. Isso é que faz elas ficarem bem macias.
Vale a pena pedir a porção de patês de entradinha ($ 98). Vem com pães e patês de vários sabores.
Eles servem o bife de chorizo de 600 g ($227) ou 400 g ($149). Este aí da foto é o de 400 g.
O salmão rosado ($176) também é uma ótima pedida. Meu namorado pediu o peixe e assim pudemos provar um pouco de cada.
Para acompanhar, nós pedimos a porção de papas fritas ($58) e o purê de maçã ($74).
Nós não pedimos sobremesa porque o almoço foi bem caprichado e não conseguíamos pensar em comer mais nada. Porém, fiquei com vontade de provar o Pudim de Pão ($64) que me foi super bem recomendado. A conta ficou 605 pesos para o casal, algo em torno de R$ 165.
Tudo bem que o restaurante tem apenas o nome inspirado no poema, mas valeu a pena! Algum tempo depois, foi a vez do meu irmão visitar Buenos Aires e ele encontrou um livro com a poesia completa de Jorge Luis Borges numa feirinha no bairro de San Telmo. Trouxe para mim e agora guardo com muito cuidado! Este livro eu não vou perder. Juro!
Então fica aqui registrada a dica: Uma vez em Buenos Aires, não deixe de conhecer o restaurante “Fervor”. E, claro, leia o poema “Fervor de Buenos Aires”.
:D