O abacate recheado da Sylvia Plath

A receita de hoje é cheia  de sentimento e vinagrete. O livro “A Redoma de Vidro, a única prosa publicada de Sylvia Plath, é uma obra densa que me faz sentir frio na barriga todas as vezes que leio algum trecho. Veja como fazer o abacate recheado da escritora!

Lembro até hoje quando uma professora de Literatura falou sobre o livro. Segundo ela, “A Redoma de Vidro” é apreciada por aqueles que se assemelham com as dificuldades emocionais e do dia-a-dia da personagem. Um daqueles casos literários em que o enredo da história só é envolvente por causa do leitor – que se sente um pouco dentro da narrativa. Complicado, né?

Bom, mas voltando ao intuito do blog, eu vou te explicar sobre a receita de hoje mais adiante…

Gwyneth Paltrow

Esther Greenwood viaja até Nova York para fazer um estágio de verão numa revista feminina. A vida dela deveria melhorar, já que está vivendo numa cidade grande, cheia de possibilidades. Mas ao contrário, ela acaba ficando cada vez mais reclusa, deprimida e é diagnosticada com uma doença mental. Para ela, a depressão é como ficar presa numa redoma de vidro. Ela tenta diversas vezes o suicídio, até ser hospitalizada.

O abacate recheado aparece no terceiro capítulo do romance A Redoma de Vidro. Ela foi convidada para o banquete do Dia das Senhoritas. À mesa há carne de frango, caviar e abacates recheados com carne de siri. E por causa do prato, Esther reflete sobre uma lembrança:

"Abacate é minha fruta favorita. 
Todo domingo meu avô costumava trazer um abacate para mim, 
escondido no fundo de sua mala executiva, debaixo de seis camisas sujas 
e tirinhas do jornal de domingo. 
Ele me ensinou a comer abacates derretendo geleia de uva e vinagrete 
juntos numa panela e enchendo as bandas do abacate com o molho. 
Aquele molho encheu-me de nostalgia de casa. 
Em comparação, a carne de siri do banquete era insossa".

Todas as garotas que comeram o banquete tiveram um intoxicação alimentar das bravas. Esther achou até que iria morrer. Chega a culpar o caviar, mas a enfermeira lhe diz: “O caviar nada! Foi a carne de siri! Eles fizeram testes e estava atolado de ptomaína“.

Sylvia Plath

O romance “A Redoma de Vidro” é cheio de referências da vida pessoal da poetisa Sylvia Plath. A sua única obra em prosa reflete um pouco sobre sua própria experiência com a depressão. Ela mesma acabou se suicidando apenas um mês depois do lançamento do livro, em 1963. Ela acorda uma manhã, veda o quarto dos filhos com toalhas molhadas, deixa pão e leite próximo a cama deles e, em seguida, toma dezenas de remédios e coloca a cabeça dentro do forno, morrendo asfixiada pelo gás.

Sylvia foi casada com o poeta Ted Hughes, grande amor da sua vida e responsável por várias crises de ciumes acompanhadas de crises de depressão da autora.

Há um filme muito bacana sobre a vida da escritora chamado “Sylvia”, lançado em 2003, onde Sylvia Plath é interpretada por Gwyneth Paltrow.


 Machado de AssisNível: Apenas 1 Machado

Abacate recheado com vinagrete e geleia de uva

  • – 1 abacate maduro
  • – 1/2 vidro de geleia de uva
  • – 1 tomate picado
  • – 1 cebola roxa picada
  • – 2 colheres sopa de vinagre
  1. Faça um vinagrete com o tomate, a cebola e o vinagre.
  2. Derreta a geleia de uva no fogo.
  3. Tire o caroço do abacate e recheie a fruta com o vinagrete, em seguida despeje a calda de geleia em cima.

 Confesso que achei estranha a ideia de misturar abacate, vinagrete e geleia de uva. Mas ficou gostoso. Juro! Uma receita mega simples e curiosa. Só fiquei na dúvida de como categorizar o abacate. É uma refeição ou uma sobremesa? rs

Não poderia encerrar o post sem o meu trecho preferido do livro, né? Impossível você não se ver neste trecho em algum momento da vida.

Sylvia Plath“Eu vi minha vida ramificando-se diante de mim como a figueira verde da história. Na ponta de cada galho, como um figo gordo e roxo, um futuro maravilhoso acenava e piscava. Um figo era um marido, um lar feliz e filhos, outro era uma poetisa famosa e consagrada, outro era uma professora brilhante, outro era a Europa, a África e a América do Sul, outro era Constantino e Sócrates e Átila e outros vários amantes com nomes exóticos e profissões excêntricas, outro ainda era uma campeã olímpica. E, acima de tais figos, havia muitos outros. Eu não conseguia prosseguir. Encontrei-me sentada na forquilha da figueira, morrendo de fome, só porque não conseguia optar entre um dos figos. Eu gostaria de devorar a todos, mas escolher um significava perder todos os outros. Talvez querer tudo signifique não querer nada. Então, enquanto eu permanecia sentada, incapaz de optar, os figos começaram a murchar e escurecer e, um por um, despencar aos meus pés”
<3
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