Certa vez decidi fazer um bolo de chocolate. Esta decisão tinha alguma coisa a ver com um papo caloroso com as amigas do colégio sobre como elas a-do-ra-vam cozinhar. Eu me enchi de coragem e decidi que, assim que chegasse em casa, eu faria um lindo bolo de chocolate tão melequento de cobertura que iria até amarrar a garganta. O intuito era levar a minha obra prima no dia seguinte para escola. “Vejam só, também sou um ás na cozinha”. A mãe decidiu não ajudar. “Se quer aprender, tem que aprender sozinha”. E lá fui eu para a pia bater alguns ovos, farinha, açúcar, chocolate e fermento. Tudo ia bem e eu já pensava em seguir carreira gastronômica quando chegou a hora de colocar a massa no forno. E como diabos acende este forno?
No auge da inteligência e astúcia dos meus 13 anos eu acendi o gás, mas fiquei com medo de me debruçar dentro do forno, acender o fósforo e queimar a mão (Lembrando que isso já tem algum tempinho e o forno lá de casa ainda não tinha acendedor automático). Então peguei um jornal, enrolei ele bem fininho, de uma forma que eu fiquei com uma espécie de espada (Lembra aula de corte e cola da escola?). Acendi o fósforo e coloquei fogo na minha espada. Muito sabiamente coloquei a espada em chamas dentro do forno.
Bom, eu não poderia imaginar que o gás, a esta altura, já tinha se espalhado e então… Uma leve explosão. Tomei um susto. O coração aos pulos no peito. Larguei a espada em chamas no chão. Com a respiração ofegante, me apoiei na pia e ri de mim mesma. E então senti um cheiro de borracha queimada. Estranhei.
Ao olhar para o lado, lá estava a minha espada em chamas queimando APENAS a mangueira de borracha do botijão de gás. A adrenalina. Corri pela cozinha, procurei uma tigela, enchi de água, corri de volta para o botijão e apaguei o quase desastre em um intervalo de dois segundos. Quanto ao bolo? Queimou.
Um causo para explicar que, sim, eu sempre fui um desastre na cozinha. Mas, sempre gostei de comer. Experimentar coisas novas, me aventurar em comidas estranhas, provar temperos diferentes. Quando saí de casa, tive que aprender a me virar. Cozinhar macarrão se tornou rotina. Afinal, tem coisa mais fácil do que colocar a massa na água e abrir um molho pronto? O problema é que, obviamente, eu comecei a engordar horrores. Então, no início de 2014, junto com várias mudanças na minha vida, eu decidi que ia aprender a cozinhar. E o melhor de tudo: ia cozinhar as receitas presentes nos meus livros favoritos.
Segunda-feira eu publiquei a minha décima quinta receita. E, por isso, achei que o blog merecia um balanço. Entre crises existenciais, massas que não cresceram, infinitos ingredientes perdidos, eu posso dizer que, aos poucos, estou conseguindo cozinhar cada vez mais e ainda me dedicar à esta arte que é a cozinha, sabe? Quem diria que um dia eu faria uma paella? Limparia uma sardinha? Me aventuraria em fazer um jantar para dez pessoas?
Muitas coisas legais aconteceram até aqui. Já recebi várias mensagens com dicas de receitas para fazer e, todas elas, estão na fila. Para algumas, ainda não li o livro e preciso fazer isso antes de cozinhar, senão perde a graça, né? Mas outras já estão separadinhas para serem feitas.
Este blog acabou se transformando numa maneira divertidíssima de dividir os problemas que eu enfrento na cozinha. Mas, por enquanto, os resultados estão sendo bons. Claro que com muita persistência. Pois alguns desastres acontecem. Tive que fazer a cocada três vezes para dar certo. Repeti a receita da torta de uva duas vezes… e por aí vai. Isso sem contar as receitas que ainda não apareceram por aqui porque eu simplesmente não consegui fazer elas darem certo.
Mas, o intuito é este né? Aprender a cozinhar! E para isso eu ainda preciso errar bastante.
Muito obrigada para quem estiver acompanhando esta saga! <3
Gostei do blog. Junta duas coisas que são minha paixão: ler e comer (uma mais que a outra, dependendo do momento) ;-)
GostoGosto
E esta junção é uma delícia, né? Eu também estou adorando! Obrigada pela visita, Carmen! Beijos
GostoGosto
Pingback: O Morro dos Ventos Uivantes, a Compota de Maçã e minha pirofagia gastronômica |