Saiba como fazer uma cocada cremosa inspirada no livro Dom Casmurro, do Machado de Assis. Um clássico da literatura que você precisa ler!

Às vezes bate uma vontade de comer um doce, daquelas que a gente faz rapidinho pra sentar no sofá e ler um livro enquanto saboreia a guloseima, não é? Pelo menos, foi assim que aconteceu comigo. Eu relia Dom Casmurro, esse baita livro do Machado de Assis, e dei de cara com a menção de uma cocada, fiquei com muita vontade de comer o doce… e, bem, o resultado é este blog. Veja como fazer uma cocada cremosa inspirada neste clássico da literatura!

Você deve se lembrar da história de Bentinho, um narrador que decide unir as duas pontas da vida e contar os causos que vão da infância até a velhice. Na primeira metade do livro, Bentinho compra cocada de um vendedor que vinha apregoando cocadas. O homem passa por Bentinho e Capitu, e  canta:  “Chora, menina, chora. Chora porque não tem vintém…” – e, então,  pergunta para Capitu: “Sinhazinha, qué cocada hoje?”. Ela ainda está abalada  com a notícia que acabou de receber: Bentinho irá para o seminário em apenas dois meses. E por isso, recusa o doce.

Este pregão marcou muito a infância dos dois quando Capitu costumava repetir a canção durante as brincadeiras, às vezes se passando por vendedora, às vezes por compradora. E é por isso que, quase para se encerrar o livro, Bentinho se surpreende quando pede à Capitu para que ela  tire no piano o pregão das cocadas mas, a surpresa: Capitu não se lembrava do que ele estava falando.

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Afinal, a cocada de Dom Casmurro era cremosa?

O livro “Dom Casmurro” foi publicado a primeira vez em 1899, portanto, onze anos depois da abolição da escravatura. Mas a história contada acontece entre 1857 e 1875, logo, tendo a escravidão como um dos panos de fundo. A questão é que levando em consideração o tempo em que o livro foi escrito e a descrição do cenário feito pelo escritor, a cocada era a tradicional, daquelas que as escravas batiam em pedra fria e depois serviam para as esposas dos senhores de engenho.

O problema é que as receitas atuais pedem leite condensado e no período em que história de Machado de Assis se desenrola o leite condensado começava a ganhar o mundo. No Brasil ainda não era produzido, sendo importado da Europa a um preço caríssimo. Ou seja, era uma iguaria muito fina e, por isso, seria muito pouco provável que as escravas tivessem este ingrediente para cozinhar o doce. E então eu descobri que o jornal “A Marmota Pernambucana”, de Recife, escreveu assim em 1850: “A cocada é o doce do povo, o doce patriótico”. A receita: Nada de leite condensado, pois as mulheres faziam tudo cozido no mel de rapadura.

Eu conversei uma vez com a historiadora Rosa Belluzzo, que ganhou o prêmio Jabuti por seu livro “Machado de Assis: Relíquias Culinárias” (Aliás, livro mais do que recomendado se você se interessa por cozinha e literatura) e ela me contou algo bem interessante. Na época que Machado começou a escrever seus artigos nos jornais e livros, a cozinha francesa começava a ganhar o mundo. Machado abominava a ideia de chegar em um restaurante e ter que ler o cardápio em francês em plena praia carioca. Por isso, usava receitas típicas brasileiras como preferências de seus personagens. Então, podemos dizer que a cocada é uma espécie de protesto do escritor. Legal, né?

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Mas e a bendita receita da cocada, Denise?

Calma! Não vai embora ainda. Tenho muito apego a esta receita porque foi ela quem me deu a ideia de criar este blog. Lendo o trecho de Capitu e Bentinho eu fiquei com uma vontade absurda de comer o doce. Improvei uma cocada mais ou menos e aí me veio o estalo: será que Machado de Assis comia uma receita de cocada cremosa enquanto escrevia Dom Casmurro? Será que ele gostava do doce?

Me veio o estalo. Por que não aprender a cozinhar as receitinhas citadas em meus livros preferidos?

Então, aqui está como fazer uma cocada cremosa inspirada em Dom Casmurro! E o melhor? Feia com rapadura! Uma cocada de colher para você comer enquanto reler o clássico. Que tal?

Cocada cremosa com rapadura

 

  • 500 g de rapadura picada
  • 1 litro de leite
  • 500 g de coco fresco ralado
  1. Numa panela, ferva o leite e acrescente a rapadura.
  2. Derreta a rapadura até ficar um caldo bem grosso e escuro.
  3. Quando a mistura reduzir bastante e ficar parecendo tipo um caramelo, acrescente o coco.
  4. Mexa um pouco e sirva.

Como disse, sou suspeita. Adoro cocada. Mas você vai perceber que a feita com rapadura fica bem diferente.

Espero que goste.

Depois me conta como ficou?

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Você procurando algo além de como fazer uma cocada cremosa de Dom Casmurro? Esta e outras receitinhas estão presente no livro do Capitu Vem Para o Jantar que você pode comprar aqui.

Até a próxima receitinha!

<3

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