Camarão ensopadinho com chuchu da Carmen Miranda

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Quer Camarão Ensopadinho com Chuchu? Uma receita simples e tão deliciosa que virou até música imortalizada por Carmen Miranda

 

O escritor francês Marcel Proust dizia que a memória tem cheiro. E eu vou mais além pra dizer que a memória também tem audição. Não consigo ouvir Carmen Miranda sem lembrar da minha infância no quintal de casa, com os brinquedos tudo jogados e assistir meu pai ouvindo os discos da Carmen Miranda. Eu me lembro de ficar encantada com aquela mulher cheia dos balangandãs, com a voz, com as marchinhas… Nascia ali uma paixão pela Carmen.

Passou um tempo e eu li a biografia da Carmen Miranda, escrita pelo Ruy Castro e que é uma das melhores biografias que eu já li. Aliás, talvez seja a minha preferida. Também gosto muito do “Anjo pornográfico”, a biografia do Nelson Rodrigues também escrita pelo Ruy Castro e que eu recomendo muito. Mas isso já é assunto pra outra oportunidade.

Carmen Miranda nasceu em Portugal em 1909 e veio para o Brasil com apenas um ano de idade. Ela foi morar no Rio de Janeiro e foi lá que a carreira começou. Em 1929 ela lançou o seu primeiro samba, “Não Vá Sim’bora”. Só que foi só em 1930, com o sucesso “Taí, eu fiz tudo para você gostar de mim” que ela ganhou fama e começou a ser considerada a melhor cantora do Brasil.

A partir dai, só cresceu. Muitas marchinhas de carnaval, muitos filmes, muitos shows… foi um sucesso. E a “Pequena Notável”, apelido que ela ganhou por ser muito baixinha, já havia conquistado o Brasil inteiro. E uma carreira internacional começava a despontar.

Em 1939 ela foi para os Estados Unidos. Imagina, foi um sucesso absoluto. Aquela moça desbocada, toda colorida, cantando músicas brasileiras, com os turbantes e plataformas e frutas na cabeça. Não demorou muito pra Hollywood e pra ter uma rotina super cansativa, as vezes fazendo vários shows por dia.

Acontece que no ano seguinte, em 1940, quando o carnaval começava se aproximar, os brasileiros estavam um pouco, de certa forma, ressentidos. Seria o primeiro carnaval sem Carmen Miranda em 10 anos. Alguns começavam a falar que ela tinha se vendido, que ela tinha abandonado o Brasil, que o sucesso havia subido na cabeça.

Carmem voltou ao Brasil em julho e foi recebida como se fosse a rainha do Brasil. A população se aglomerou pra esperar o navio dela chegar, teve imprensa, escolta policial, alvoroço. Foi uma loucura. E assim que chegou ela recebeu um convite irrecusável. Darcy Vargas, a primeira dama esposa de Getulio Vargas, foi em pessoa pedir pra ela participar de um baile beneficente no Cassino da Urca.

Mas aqui eu preciso fazer um panorama do que estava acontecendo na epoca só pra você entender porque esse show foi complicado.

Protesto

Desde 1937 viviamos o Estado Novo implantado por Getulio Vargas. Sobre a política internacional, o mundo vivia a Segunda Guerra Mundial, conflito entre os países do Eixo e os países Aliados. O eixo era aquele contistuido por países com regimes autoritários como nazismo e fascismo como Itália e Alemanha e Japão. Os aliados eram Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética.

Aqui no Brasil, Getúlio Vargas era conhecido por ser simpatizando dos países do Eixo. Inclusive, membros do seu governo eram conhecidos por apoiar os regimes totalitários. Filinto Muller, chefe da polícia do Distrito Federal, era o mais famoso. Foi ele responsável de deportar a judia Olga Benário, esposa do Luis Carlos Prestes, para a Alemanha nazista. Porém, Getulio Vargas pregava uma política de neutralidade, e tinha relações comerciais tanto com os Estados Unidos quanto com a Alemanha. Inclusive, em 1940, a Alemanha já era o maior parceiro comercial do Brasil.

E em junho, um mês antes da Carmen chegar ao Brasil, Getulio Vargas fez um discurso que foi interpretado como uma exaltação aos governos totalitários. Alemanha e Itália mandaram agradecimentos públicos ao Getúlio. E Estados Unidos interpretaram o discurso da mesma forma. E é claro que as relações ficaram abaladas.

Foi bem nesse alvoroço todo que a Carmen chegou. Um sucesso brasileiro que estava arrasando nos Estados Unidos. E aí voltamos para aquele baile beneficente no Cassino da Urca.

Tratava-se de um baile black tie super chique em que a maioria dos convidados era a cúpula maior do Estado Novo. Carmen Miranda entrou no palco falando inglês, cantando canções lançadas lá fora…ih, não agradou. O show foi frio, tiveram vaias, foi tenso. Ela chegou até a sair do palco chorando.

E aquilo ali pegou nela. No dia seguinte ela chamou os amigos compositores e pediu um novo repertório.

Dois meses depois desse fracasso na urca, ela voltava ao mesmo palco com o sucesso “Disseram que eu voltei americanizada”, uma canção em que ela responde às criticas, dizendo que ela diz mesmo “eu te amo” e nunca “I love you”, e quando o assunto é comida ela sempre seria do Camarão Ensopadinho com Chuchu.

Uma receita típica carioca, bem simples de fazer e bem levinha. Se quiser ver o passo a passo da receita do Camarão Ensopadinho com Chuchu em vídeo, é só correr lá no Canal!


Camarão ensopadinho com chuchu

  • – 1 cebola pequena picada
  • – 4 dentes de alho picados
  • – 1/2 xícara de chá de azeite
  • – 2 chuchus picados
  • – 1 tomate picado
  • – 1 xícara de café de extrato de tomate
  • – 1 colher de sopa de sal
  • – suco de 1 limão
  • – 1 copo d´água
  • – 1/2 quilo de camarão rosa
  • – coentro a gosto
  1. Numa panela, refogue o alho e a cebola.
  2. Acrescente os chuchus, os tomates, o extrato de tomate, o sal, a água e o suco do limão.
  3. Deixei cozinhar por 10 minutos ou até que o chuchu tenha amolecido.
  4. Em seguida, acrescente o camarão. Deixe cozinhar por apenas 5 minutos para que o camarão não fique borrachudo.
  5. Desligue o fogo e acrescente o coentro.
  6. Você pode comer só o ensopadinho ou servir com arroz.

 

Delííííííícia de ensopadinho, viu?

Dá pra entender porque o Camarão Ensopadinho com Chuchu virou até música!

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Até a próxima receita.

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