Dez restaurantes frequentados por grandes escritores

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Novidade aqui no blog! Um guia de restaurantes frequentados por grandes escritores e que ainda estão em funcionamento ao redor do mundo.

Dá muita vontade de fazer a mala para cair no mundo numa viagem com o intuito de conhecer os lugares visitados por estes grandes nomes. Imagina sentar num lugar e pedir o mesmo prato que Jack Kerouac? Se apoiar no mesmo balcão em que Machado de Assis comeu uma cocada? Ou tomar um drink apreciando o mesmo ambiente que Fitzgerald?  Muito, muito amor, né? <3

Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre frequentavam o Les Deux Magots, em Paris.
Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre frequentavam o Les Deux Magots, em Paris.

Simone de Beauvoir

Les Deux Magots

6, Place Saint-Germain des Prés – Paris.
www.lesdeuxmagots.fr/‎

É um dos cafés mais antigos e famosos de Paris. Foi frequentado por ninguém mais, ninguém menos que Simone de Beauvoir. A escritora não sabia cozinhar quase nada, mas sabia como ninguém apreciar a boa comida. Isso não significa que ela não enfrentava tempos difíceis. Dizem que, durante a guerra, ela aceitava até comida estragada. Quando recebia os pacotes de comidas já em putrefação, tentava dar um jeito temperando tudo com vinagre e mil condimentos e levando ao fogo. Coisa que fazia o seu marido Jean-Paul Sartre se estremecer. Virou muitas garrafas de Whisky ao lado de Sarte, mas também filosofou com muitas xícaras de cafés e cinzeiros cheios de bitucas em cima das mesas na calçada do restaurante. O casal veio uma vez para o Brasil e foi recepcionado pelo grande Jorge Amado, que os apresentou iguarias como feijão vermelho e suco de abacaxi. Eles ficaram encantados com esta culinária exótica e diferente. E isso nos leva ao nosso próximo restaurante.


Jorge Amado

Restaurante Colon

Praça Conde dos Arcos, 3 – Salvador.
http://www.restaurantecolon.com.br

Este restaurante está aberto desde 1914 e foi muito frequentado pelo baiano Jorge Amado. A paixão pelo estabelecimento mereceu até menção no livro “O sumiço da Santa”: “Havia mais de vinte anos, todas as sextas-feiras, o chefe de Danilo, o tabelião Wilson Guimarães Vieira, além de chefe, amigo, levava um grupo de convidados a um restaurante da Cidade Baixa, o Colon, onde se comia uma mal-assada cujo o sabor oscilava entre o sublime e o divino”. A literatura de Jorge Amado é quase um guia da culinária baiana. A partir dela dá para conhecer os diversos pratos típicos da região e entender o que encantou Simone de Beauvoir e Sartre. O mais legal é saber que este restaurante serviu de inspiração para o escritor. Nada mal sentar ali e pedir a tal da mal assada, não é?

Jack KerouacMinetta Tavern

113, Macdougal St – Nova York.
www.minettatavernny.com/‎

Jack Kerouac frequentou tantos lugares nos Estados Unidos que dava para fazer um guia de restaurantes só de lá (Quem sabe um dia eu não faço?). Mas hoje vou me atentar só a este tradicional restaurante italiano. Foi ali que o escritor William Burroughs levou Kerouac para jantares finos com boas massas e bons vinhos. O restaurante foi aberto em 1937 e continua funcionando em pleno vapor no Greenwich Village. Kerouac é considerado um dos grandes escritores da geração beat que, basicamente escreveu sobre viver la vida loca usando drogas e fazendo sexo loucamente. Na biografia escrita por Barry Miles, no entanto, Kerouac aparece como um personagem pra lá dos chatos. Isso porque ele tinha o péssimo hábito de comer tudo o que tinha na geladeira e nos armários. Aquele lance de etiquetar a marmita na geladeira para uma convivência pacífica com seu colega de quarto? Ele dava de ombros pra isso. Burroughs costumava até esconder a comida quando Jack chegava. Talvez por isso é que Burroughs decidiu levar ele para jantar vez ou outra no Minetta Tavern, vai saber?

Fernando PessoaA Brasileira Café

Rua Garrett, 120 – Lisboa.

Fundado em 1905, este café foi aberto para vender o genuíno café trazido do Brasil. Além disso, ali era possível encontrar iguarias brasucas como goiabada e tapioca. Sua decoração está intacta até hoje. Eu tive a oportunidade de conhecer o café e ainda posar ao lado da Estátua de Fernando Pessoa que fica bem em frente ao estabelecimento. Fernando Pessoa frequentava o café diariamente e a estátua foi produzida como se o escritor estivesse sentado em uma das mesinhas do café. Vale dizer que achei um lugar muito gostoso e barato. Depois de conhecer o bairro Chiado, sentei por ali, nas mesinhas que ficam na rua e tomei com amigos uma garrafa de vinho do porto por apenas 12 euros, algo em torno de 36 reais.

Mario de AndradePonto Chic

Largo do Paissandú, 27 – São Paulo.
www.pontochic.com.br/‎

Se você mora em São Paulo ou esteve em São Paulo e nunca provou o bauru do Ponto Chic saiba que cometeu um erro terrível. Sério. É um dos melhores lanches da cidade. Inaugurado em 1922, esta lanchonete fez parte da efervescência cultural da época. Recebeu em suas mesas personalidades como Mario de Andrade. Conta-se que o poeta sentou-se naquelas mesas para escrever os seus poemas enquanto comida o tradicional lanche bauru ou um fritada, uma mistura de ovos, presuntos e queijos. Uma curiosidade sobre o local é que foi ali que foi criado o lanche bauru. Em 1934, um estudante chamado Casimiro Pinto Neto, original de cidade de Bauru, entrou no bar e ditou ao garçom uma nova receita: pão francês sem miolo, rosbife, rodelas de tomate e de pepino, manteiga e queijo prato, suíço e gouda. A invenção fez tanto sucesso que levou o nome do apelido do garoto, Bauru.

Café TortoniJorge Luis Borges

Av de Mayo, 825 – Buenos Aires.
www.cafetortoni.com.ar/‎

O famoso escritor argentino Jorge Luis Borges frequentou este clássico café portenho localizado no centro. Bebericou alguns do vinhos da adega, assistiu a inúmeros shows de tango e esboçou alguns de seus textos. Em sua homenagem, há até hoje uma mesa com sua estátua. O café foi inaugurado em 1858 e é patrimônio histórico de Buenos Aires. Uma ver por lá, não deixe de provar os concorridos churros de doce de leite. Apesar de um exímio apreciador da cozinha e frequentador de bons lugares como o Café Tortoni, sabe qual era o prato preferido do escritor? Arroz com manteiga e queijo ralado.

Ernest HemingwayBotin

Calle Cuchilleros, 17 – Madri.
http://www.botin.es/

O escritor americano Ernest Hemingway sempre teve uma paixão pela Espanha, usando o país, sempre que possível, em seus livros. Por isso ele frequentava sempre o restaurante Botin, considerado o restaurante mais antigo do mundo, inaugurado em 1725. Hemingway adorava a comida espanhola e ia ao restaurante para tentar aprender a fazer a paella. Ele cita o Botin no livro “Morte à tarde”, lançado em 1932: “…mas, entretanto, preferia comer leitão no Botín em vez de me sentar e pensar nos acidentes que pudessem sofrer os meus amigos”.

Bar do Ritz HotelF. Scott Fitzgerald

Place Vendôme, 15 – Paris.
http://www.ritzparis.com/fr

F. Scott Fitzgerald frequentou muito o bar do Hotel Ritz em Paris. Ele gostava tanto dos bons goles que, hora ou outra, os seus livros trazem uma receita de algum dos drinks. (Receitas que eu farei em breve). A bebida preferida do escritor era o Gim, isso porque, segundo ele, é a única bebida que não é possível detectar no hálito. Ele e sua esposa, Zelda, foram grandes beberrões dos anos 20. Uma vez em Paris, não deixe de visitar o bar do hotel Ritz, mas saiba que será preciso desembolsar quase 30 euros para um único drink.

Machado de AssisConfeitaria Colombo

Rua Gonçalves Dias, 32 – Rio de Janeiro.
www.confeitariacolombo.com.br/‎

Esta confeitaria foi fundada em 1894 e está na lista das 10 confeitarias mais bonitas do mundo, segundo a UCity Guides. Foi frequentada por grandes nomes da arte, literatura e música, mas em especial, foi frequentada por Machado de Assis. Claro que o Machadão não poderia ficar fora desta lista. O escritor viveu em uma época em que o grande modelo de urbe era Paris e, por isso abominava a influência parisiense nos restaurantes brasileiros. Ele odiava pedir um filet de poisson se podia dizer apenas filé de peixe. Por isso é que ele agarrou com unhas e dentes a oportunidade de colocar em suas obras pratos típicos brasileiros. O doce preferido dele? A cocada.

La FiorentinaClarice Lispector

Av. Atlântica, 458 – Rio de Janeiro.
http://www.lafiorentina.com.br/

Este restaurante era ponto de encontro de grandes intelectuais, incluindo a escritora Clarice Lispector. O prato mais famoso é o Espaguete de Frutos do Mar. Sua amiga, a escritora Nélida Piñon, revelou na biografia de Clarice que o restaurante era o seu preferido. Ela costumava ir todos os sábados e comia o supremo de frango com batata grisette. Mas às vezes também se rendia a uma boa pizza do cardápio. Suas companheiras fiéis do passeio eram as amigas Nélida Piñon, Rosa Cass e Maria Bonomi.

Todos estes escritores ganharão uma receita aqui no blog em breve. <3